Saturday, November 11, 2006
Bob Dylan, o homem que se tornou mito!
Em 1961, Enquanto o americano John Kennedy se assumia como presidente dos Estados Unidos.
Enquanto o artista pop por excelência, Andy Warhol criava a sua famosa obra usando as latas de sopa Campbell como tema.
Enquanto os Beatles ensaiavam ser uma banda famosa com algumas pequenas excursões pela Europa.
Enquanto tudo isso e mais uma imensidão de coisas aconteciam pelo mundo.
Robert Allen Zimmerman chegava a Nova York ,vindo do interior dos Estados Unidos, destinado a inventar um dos maiores artistas do século XX - Bob Dylan.
Nascido em 1941, na cidade de Duluth, Minnesota, Estados Unidos, Dylan desde cedo demonstrou inclinação para a música. Com dez anos de idade já escrevia pequenos poemas e começou a aprender sozinho a tocar piano e guitarra.
Em 1963, com The Freewheelin Bob Dylan, ganha destaque internacional e a música 'Blowin in the Wind' é considerada uma de suas principais composições.
No ano seguinte lança The Times They are A-Changin, que leva Bob Dylan a ser um dos principais cantores e compositores da sua geração. A música, que leva o mesmo título do álbum tem um forte teor de protesto, como a maioria das suas letras, e torna-se uma das músicas mais ouvidas dos turbulentos anos 60. Ainda no mesmo ano sai Another Side of Bob Dylan outro incontornável sucesso.
O ano de 1965 foi paradoxal para o artista. Os dois álbuns deste ano, Bringing it all Back Home e Highway 61 Revisited são considerados pela crítica como obras-primas de Dylan, no entanto é duramente criticado pelas canções não serem acústicas, o que fez com que o músico se afastasse do folk tradicional e se aproximasse do rock tradicional, o rock pop. Começou a ser chamado até de traidor, pela ala mais radical do género que não aceitava esta mudança. Apesar de tudo, Like a Rolling Stone, do álbum Highway 61 Revisited, tornou-se a principal música de Dylan, sendo um dos maiores sucessos da época. O sucesso que pode ser atribuído talvez pelo facto da canção retratar a sociedade da sua época, em tom de crítica, claro. O nome e a inspiração para a música vieram de uma frase do célebre bluesman Muddy Waters, que dizia que "pedras que rolam, não criam limo" incentivando no ser humano o desejo de eterna mudança e renovação. Em 2004, a música encabeçou a lista das 500 melhores canções de todos os tempos, feita pela respeitada revista, ironicamente baptizada de Rolling Stone, também em homenagem à música e à frase.
Bob Dylan alcança o auge da sua fama. Os críticos adoram-no, os fãs idolatram-no. Muitos chamam-no de "porta voz da juventude rebelde americana", rótulo que ele não apenas rejeita, mas que trata com desprezo e indignação, pelo desejo constante de nunca querer ser modelo de nada para ninguém. Em julho de 1966 o cantor sofre um acidente ficando afastado dos palcos por um período. Hoje sabemos que Bob usou o acidente como desculpa para se afastar do cenário musical por um tempo, pois estava aborrecido. Recomposto do seu acidente, Bob Dylan volta ao activo. John Wesley Harding (1967), New Morning (1970) são mais dois fantásticos trabalhos do artista. No disco Pat Garrett and Billy the Kid (1973) está uma das suas principais composições, "Knockin' on Heaven's Door", regravada por dezenas de artistas, entre eles Eric Clapton e Guns N' Roses.
Em Desire (1976) Bob Dylan volta afiado com as suas letras/protestos. A música "Hurricane" mostra toda a sua indignação e inconformidade em relação à prisão do inocente Robin 'Hurricane' Carter, boxeador vítima do racismo de polícias corruptos. Apesar da música e de diversas manifestações de apoio, Hurricane ficou trinta anos na cadeia.
Desire, assim como dois de seus sucessores, Slow Train Coming (1979) e Infidels (1983) foram produzidos pelo guitarrista e líder da banda Dire Straits, Mark Knopfler. Em 1988 o músico entrou no Rock 'n' Roll Hall of Fame, ou "Calçada da Fama do Rock 'n' Roll", espaço reservado para grandes nomes da música.
Sobrevivendo à década de 80, inicia a de 90 com o álbum Under the Red Sky. No ano seguinte recebe um Grammy pelo conjunto da sua obra. Lança em 1992 Good as I Been to You, em 1993 World Gone Wrong e em 95, o aguardado acústico MTV Unplugged. Termina a década com mais alguns lançamentos e trabalhos ao vivo, além de compilações. O seu último trabalho inédito foi em 2001, Love and Theft.
Além de hábil músico, Dylan é também escritor. Em 2004 lançou o primeiro livro da trilogia da sua autobiografia, Chronicles. O poeta diz que teve dificuldades para escrever as suas memórias: "Não sei como alguém consegue fazer isso como trabalho", declarou a um jornal norte-americano. Já publicou livros de poemas, como Tarântula, em 1971. Também ganhou título de doutor honoris causa da Universidade St. Andrews, Escócia e em Princeton, Estados Unidos.
Génio para uns, polémico para outros, de personalidade forte e oscilante e com um talento incomparável, o facto é que Bob Dylan não apenas marcou o seu nome na história da música, mas também na história da sociedade em geral. A música foi o instrumento com o qual demonstrou a sua ira diante a humanidade e o mundo. Para a música: Bob Dylan.