Tuesday, March 06, 2012
Friday, March 02, 2012
Saudade
"Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errónea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errónea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa
Saturday, January 28, 2012
Sunday, November 06, 2011
Pensando Em Ti
Se ainda não esqueceste
As manhãs em que a sorrir nos levantámos depois
De uma noite sem dormir
Se ainda não esqueceste
O acordar da tristeza ao ver as horas passar
E o jantar frio na mesa
Se ainda não esqueceste
Cartas que então escrevi
Se ainda abres por vezes os livros que te ofereci
Se ainda sabes de cor as cores que sempre vesti
Canções que sempre cantei
E as cores que sempre escolhi
Sabes,
Eu ainda passo muitas noites sem dormir
Mas de manhã ao levantar sinto frio e já não sei sorrir
E as cartas que te escrevo
Mas que acabo por rasgar
São sempre iguais
Só falam de amor
Pedem-te para voltar
Se ainda não esqueceste
Os momentos de prazer que uma criança nos deu
Desde que a vimos nascer
Ao fim de um dia de Verão
Passeios à beira-mar
Deixando atrás pela areia
Os pés marcados a par
Se ainda não esqueceste
Os silêncios quebrei
Para não dizer-te a chorar:
"Foste o único que amei!"
Se ainda não esqueceste
O dia em que nasci
A nossa primeira noite
O pouco que te pedi
As manhãs em que a sorrir nos levantámos depois
De uma noite sem dormir
Se ainda não esqueceste
O acordar da tristeza ao ver as horas passar
E o jantar frio na mesa
Se ainda não esqueceste
Cartas que então escrevi
Se ainda abres por vezes os livros que te ofereci
Se ainda sabes de cor as cores que sempre vesti
Canções que sempre cantei
E as cores que sempre escolhi
Sabes,
Eu ainda passo muitas noites sem dormir
Mas de manhã ao levantar sinto frio e já não sei sorrir
E as cartas que te escrevo
Mas que acabo por rasgar
São sempre iguais
Só falam de amor
Pedem-te para voltar
Se ainda não esqueceste
Os momentos de prazer que uma criança nos deu
Desde que a vimos nascer
Ao fim de um dia de Verão
Passeios à beira-mar
Deixando atrás pela areia
Os pés marcados a par
Se ainda não esqueceste
Os silêncios quebrei
Para não dizer-te a chorar:
"Foste o único que amei!"
Se ainda não esqueceste
O dia em que nasci
A nossa primeira noite
O pouco que te pedi
Saturday, September 17, 2011
Monday, June 13, 2011
"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar..."
Fernando Pessoa
Amor.
Cada dia sem gozo não foi teu
Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele.
Quanto vivas Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!
Ricardo Reis
Foi só durares nele.
Quanto vivas Sem que o gozes, não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!
Ricardo Reis
Sunday, June 05, 2011
Eu importo-me.
Primeiro levaram os negros
Mas eu não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas eu não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas eu não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como eu tenho o meu emprego
Também não me importei
Agora estão a levar-me a mim
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)
Mas eu não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas eu não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas eu não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como eu tenho o meu emprego
Também não me importei
Agora estão a levar-me a mim
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)
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